Brasileiros fazem empréstimos para comprar comida
A crise econômica tem levado cada vez mais os brasileiros e brasileiras, especialmente as classes C,D e E a recorrerem a empréstimos junto a amigos, familiares e mesmo bancários para comprar comida e pagar contas básicas de água, luz e aluguel, entre outras, diz pesquisa do instituto Plano CDE.
Para 45% e 50% dos pesquisados dessas classes sociais a alimentação e as contas do mês foram ou seriam a principal finalidade dos empréstimos. 50% da população das classes D e E já tiveram de reduzir a compra de comida para pagar uma dívida.
O percentual de pedidos de empréstimos cai para 30% entre as classes A e B. Considerando todas as classes, 42% afirmam ter alguma dívida em atraso, diz a pesquisa, publicada pelo jornal Folha de São Paulo.
Nos últimos 12 meses, cerca de 50% da população teve gastos maiores do que a renda, sendo 37% nas classes A e B; 48% na C1 (renda de R$ 3 mil a 6 mil) e 55% C2 (renda de R$ 2 mil a R$ 3 mil), chegando a 60% nas D e E.
De 2020 para 2021, a retração na renda do trabalhador foi de 3,80%. Quando se considera a média, metade dos empregados ganhava até R$ 1.995, menos de dois salários mínimos.
Desde 2017, ano da reforma Trabalhista, a perda é de aproximadamente 6,5%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Para fazer frente a esse endividamento e à falta de empregos com carteira assinada e bons salários, os brasileiros têm recorrido a horas extras, bicos, trabalhos temporários e a venda de seus próprios bens materiais, como carro, móveis e eletrodomésticos.
O Plano CDE considerou as classes D e E em domicílios com renda familiar de até R$ 2.000. A classe C foi dividida em duas: C2 com renda de R$ 2.000 até R$ 3.000, e C1 com renda de R$ 3.000 até R$ 6.000. Já a classe AB é formada por lares com renda familiar acima de R$ 6.000.
A pesquisa do Plano CDE, de abrangência nacional, ouviu 2.370 pessoas maiores de 18 anos de todas as classes sociais, entre 26 de julho e 9 de agosto de 2022.