Deflação é menor para mais pobres
A deflação registrada em agosto pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu todas as faixas de renda, mas foi menor para os mais pobres, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O IPCA de agosto ficou em -0,36%, após queda de 0,68% em julho (menor taxa mensal de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 1980). Quanto maior a renda, maior foi a queda de preços registrada no mês de agosto, pelos resultados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.
A inflação do segmento de renda mais baixa caiu 0,12% em agosto (tinha sido de -0,34% em julho). Esta categoria considera as pessoas com renda domiciliar menor que R$ 1.726,01 (preços de janeiro de 2022).
No caso das famílias de renda baixa (entre R$ 1.726,01 e R$ 2.589,02), a variação foi de -0,24% em agosto (-0,50% em julho). Entre as famílias de renda média-baixa (entre R$ 2.589,02 e R$ 4.315,04), houve queda de 0,40% em agosto, ante -0,82% em julho.
A maior deflação em agosto, de -0,51%, foi registrada para as famílias de renda alta (maior que R$ 17.260,14). Em julho, tinha sido de -0,42%.
Nas famílias de renda média-alta (entre R$ 8.630,07 e R$ 17.260,14), a taxa foi de 0,47% em agosto, ante -0,82% em julho.
No caso das famílias de renda média (entre R$ 4.315,04 e R$ 8.630,07), o recuo em agosto foi de 0,44% (-0,85% em julho).
Segundo o Ipea, a deflação dos grupos transportes e comunicação foi o principal ponto de alívio inflacionário para todas as classes de renda. No primeiro grupo, a influência vem das quedas dos preços de gasolina (-11,6%), etanol (-8,7%) e passagens aéreas (-12,1%).
Esse impacto afeta principalmente as famílias de renda média-alta e alta, em que o peso desses itens na cesta de consumo é maior do que nas demais faixas.
Já as maiores contribuições do grupo comunicação vieram das deflações nos planos de telefonia fixa (-6,7%) e móvel (-2,7%). No fim de junho, foi promulgada a lei que reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte público.
Em sua análise, o Ipea também cita o recuo de 1,3% nas tarifas de energia elétrica, em agosto, como um fator para a redução da pressão da inflação.
Por sua vez, a alta de preços no grupo de saúde e cuidados pessoais impediu uma redução ainda mais significativa da inflação dessas famílias, sobretudo com o impacto do reajuste de 2,7% dos itens de higiene pessoal.
Para os domicílios de renda mais elevada, a deflação só não foi maior devido à alta no grupo “despesas pessoais”, puxada pelo aumento de preços dos serviços pessoais (0,59%) e do fumo (1,2%).
No mês de agosto, os alimentos tiveram alta de preços menor que em julho. O Ipea destaca, portanto, que este pode ser apontado como um fator de descompressão inflacionário em agosto, especialmente para as famílias de menor renda.