Desemprego é a maior preocupação dos eleitores, diz pesquisa

As relações de trabalho são o principal destaque de duas pesquisas inéditas realizadas pelo Ipec a pedido do GLOBO.

A primeira delas, feita de maneira presencial em 128 cidades de todas as regiões, expõe que o desemprego é percebido como o maior problema do país — 43% elencam o item como um dos três desafios mais graves.

Há quatro anos, a saúde surgiu na dianteira das preocupações, com o desemprego logo depois.

O cenário foi modificado, entre outros aspectos, pelos efeitos da pandemia sobre o bolso da população — inflação e fome, que não apareciam em 2018, vieram à tona.

O levantamento, que ouviu 2 mil pessoas acima de 16 anos, revela ainda que a preocupação com o desemprego é maior entre as mulheres (45%, contra 40% dos homens), no grupo que parou de estudar no ensino médio (46%) e nas parcelas mais vulneráveis, já que aumenta conforme mais pobre é o estrato: 53% dos que têm renda familiar mensal até um salário mínimo tratam o assunto de forma prioritária, índice que é de de 31% entre os que recebem mais de cinco salários.

Nos recortes regionais, é no Nordeste que a falta de ocupação aparece ainda com mais evidência: 46%. A região concentra quase metade dos beneficiários do Auxílio Brasil, o equivalente a 9,4 milhões de famílias.

O tema também preocupa mais quem mora nas periferias dos grandes centros urbanos (51%) do que nas capitais (39%).

Entre os desocupados, um dos casos mais preocupantes é o dos há mais de dois anos sem uma vaga. Cálculos do Ibre/FGV estimam esse número em aproximadamente 3 milhões, cerca de 30% do total.

A segunda pesquisa feita pelo Ipec a pedido do GLOBO, também realizada em julho, mostra a predileção pelo emprego formal: 59% disseram preferir trabalho com carteira assinada, índice alavancado por quem tem apenas o ensino fundamental.

O resultado do levantamento, feito pela internet com 2 mil pessoas acima de 16 anos, das classes A, B e C, é reflexo do que acontece na vida real.

A taxa de informalidade continua em um patamar em torno de 40% — cerca de 39 milhões de trabalhadores nessa condição. Também fazem parte desse grupo os que trabalham por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares.