Em outubro, o Construmob comemorou 70 anos de luta

O presidente do Sindicato, Luiz Carlos Biazi, falou da trajetória recente do Sindicato, que completou 70 anos em outubro.
No dia 17 de outubro de 1955, um grupo de trabalhadores do setor da construção civil em Santo André aprovava, em assembleia, a constituição do Sindicato da Construção Civil e do Mobiliário de Santo André, depois de existir, por alguns anos uma associação de trabalhadores do setor.

Foi o primeiro Sindicato da Construção Civil do Grande ABC. A região vivia uma fase de industrialização com a vinda de empresas automobilísticas e a criação da refinaria União (1954), em Capuava, que anos depois passou a se chamar Recap, e foi anexada pela Petrobras. Nos anos 1970, a base do Sindicato cresce com a criação do primeiro Polo Petroquímico do país. Conversamos com o presidente do Construmob, Luiz Carlos Biazi, que acompanha a história do Sindicato há mais de 30 anos e nos contou um pouco dessa trajetória.

O começo nos anos 1980
Biazi é funcionário do setor da construção civil desde os anos 1980 e passa a integrar a diretoria do Sindicato, licenciado, a partir de 1986. Ele lembra que a primeira vez que foi comandar uma assembleia, para os trabalhadores de uma indústria de móveis, em Santo André, não sabia nem ligar o som do veículo, uma Kombi, para organizar a pauta de reivindicação dos cerca de 130 trabalhadores. “Foi um sacrifício, tive que ter ajuda de um trabalhador”. Mas daquele momento em diante, não parou mais. Ele lembra das inúmeras dificuldades da categoria, sobretudo da construção civil. “O trabalhador precisava do equipamento de segurança e a empresa não fornecia”. Eram outros tempos, mas a luta fez com que as coisas mudassem.

Organizando os trabalhadores no Polo Petroquímico
Biazi lembra que quando foi secretário geral, na gestão seguinte à sua entrada no Sindicato, enfrentou um difícil processo de reorganização da categoria. Ele destaca quando foi, pela primeira vez, comandar uma greve no Polo Petroquímico, que ainda era uma empresa estatal, antes da privatização feita pelo governo Fernando Henrique Cardoso na primeira metade dos anos 1990. Foi quanto o Sindicato iniciou um processo de mobilização dos trabalhadores do polo.

A maior greve da história
Segundo Biazi, foi em 2009 que aconteceu a maior greve de trabalhadores da categoria, quando funcionários de 14 empresas terceirizadas da Recap cruzaram os braços por 33 dias. “Lutamos por um reajuste que recuperou o poder aquisitivo dos trabalhadores e conquistamos o vale alimentação, que hoje está em R$.1200.”

A partir daquela greve, a categoria passou a se organizar para que pudesse fechar um acordo coletivo por empresa, garantindo que os salários, reajustes e benefícios fossem iguais. “E é o que o Sindicato faz até hoje”, destaca.

Para Biazi, os anos de movimento sindical foram um grande aprendizado. “Desde o primeiro dia que pisei no Sindicato, passei a lutar por melhores condições de trabalho, melhores benefícios e melhores salários. “É isso que a gente pratica até hoje. É assim que me sinto realizado, fazendo parte desse processo”, finaliza.

Mais de 10 mil trabalhadores na base da categoria
O Construmob atua nos municípios de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra e tem na sua base mais de 10 mil trabalhadoras e trabalhadores que atuam em sete segmentos: construção civil, pintura e instalação elétrica, montagem industrial, carpintaria, mármores e granitos, marcenaria, também conhecido como moveleiros e produtos de cimentos.
O Sindicato tem, atualmente, 17 diretores, sendo 8 licenciados para atuar no Sindicato e 9 diretores da base, que continuam atuando em seus locais de trabalho.