Endividamento atinge 77,9% das famílias brasileiras e bate recorde em 2022

Em 2022, o endividamento bateu outro recorde e atingiu 77,9% das famílias brasileiras de todas as faixas de renda. O percentual é sete pontos maior do que o registrado em 2021 (70,9%).

Este foi o quarto crescimento da inadimplência consecutivo e o maior já observado na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A proporção de endividados alcançou 78,9% das famílias com renda mensal de até dez salários mínimos, e 74,3% entre as com mais de dez salários mínimos e atingiu mais as famílias formadas por mulheres e jovens, segundo a CNC.

Apesar de, em termos absolutos, as famílias de menor renda serem mais endividadas do que as consideradas mais ricas, os avanços no volume de devedores no pós-pandemia e na última década foram mais expressivos entre os consumidores de maior renda.

Para a CNC, entre as famílias mais pobres o crédito foi fundamental para recomposição da renda e suporte ao consumo de itens de primeira necessidade, por causa dos efeitos perversos da crise sanitária sobre o emprego formal e informal e da alta rápida e intensa da inflação.

Já entre as famílias mais ricas, a retomada do consumo reprimido nos tempos de lockdown levou a mais contrações de dívidas. A CNC diz ainda que a inflação e os juros altos afetaram as famílias de menor renda.

Os vilões são os mesmos: cartão de crédito, cheque especial e cheque pré-datado. Outras formas de endividamento estão relacionadas ao crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro e financiamento de casa.

. Cartão de crédito: 86,6% das dívidas

. Carnês: 19%

. Financiamento de carros: 10,4%

A inadimplência também bateu recorde e chegou a 28,9%. Isso quer dizer que a cada dez famílias, três atrasaram algum pagamento em 2022, segundo a pesquisa. O número é 3,7 pontos percentuais maior do que o registrado em 2021.

A proporção de famílias com dívidas atrasadas foi mais expressiva entre as de menor renda (32,3%), que sofreram mais com a alta abrupta da inflação, especialmente no grupo de despesas de maior peso nos orçamentos desses consumidores (alimentação, saúde e habitação).

Entre as famílias que recebem mais de 10 salários mínimos mensais, os números caem praticamente pela metade.