Quase 20 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza nas metrópoles do país

O número de pessoas em situação de pobreza saltou para 19,8 milhões nas metrópoles brasileiras em 2021.

É maior nível da série histórica iniciada em 2012 pelo boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Observatório das Metrópoles e Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). 

O número de pobres passou a representar 23,7% – quase um quarto – da população total de 22 grandes cidades brasileiras analisadas.

Desde 2012, esse percentual nunca havia alcançado 20%.

Os responsáveis pelo boletim, divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, avaliam que desde a passagem de 2014 para 2015, o Brasil já vinha com dificuldades no combate à pobreza.

O problema, no entanto, se agravou com a pandemia, há dois anos.

Mas a pobreza deu um salto mesmo em 2021 por conta da continuidade do desemprego, da disparada da inflação e da retirada abrupta do auxílio emergencial no início do ano passado.

O benefício foi suspenso em janeiro daquele ano e só foi retomado três meses depois, em abril, mas com valor e público reduzidos.

À época, ao menos 22 milhões de pessoas deixaram de ser beneficiários do programa, em contexto pandêmico e com elevados índices de desemprego. 

A inflação elevada e mesmo a retomada gradual do emprego, com o avanço da vacinação contra a covid-19, não foram suficientes para recuperar a renda.

O que contribuiu para perdas, principalmente entre os mais pobres, segundo os pesquisadores.

O boletim classifica os moradores como pobres ou extremamente pobres a partir de critérios do Banco Mundial.

Nesse caso, são considerados pobres aqueles cuja renda per capita por mês não ultrapassa os R$ 465.

Já as pessoas em extrema pobreza são aqueles moradores que sobrevivem com cerca de R$ 160.

O contingente de pessoas em pobreza extrema também bateu recorde e chegou a 5,3 milhões nas regiões metropolitanas no ano passado.

Um acréscimo de 1,6 milhão na comparação com 2020, quando 3,7 milhões estavam nesse grupo.

Segundo o boletim, o total representa ainda 6,3% da população das 22 metrópoles brasileiras.

As maiores taxas de pobreza foram encontradas em Manaus e na Grande São Luís, com 41,8 e 40,1%, respectivamente.

Florianópolis e Porto Alegre registraram os menores resultados, com 9,9% e 11,4%, cada.

Em paralelo, Recife (13%) e Salvador (12,2%) foram as metrópoles com percentuais mais elevados de pobreza extrema.

De forma inversa, Cuiabá (2,4%) e Florianópolis (1,3%) registraram os índices mais baixos.