Mês da Consciência Negra. Vamos falar de igualdade racial no ambiente de trabalho?

Em 20/11 comemorou-se o Dia da Consciência Negra. A data era feriado nos municípios da base do Sindicato e, em 2023, tornou-se feriado estadual. Mas o que sabemos sobre a igualdade racial no ambiente de trabalho?

O Dia da Consciência Negra já se tornou parte integrante do calendário de feriados. A data é uma homenagem à Zumbi dos Palmares, o maior líder negro brasileiro que lutou pela liberdade dos povos negros e enfrentou o racismo que imperava na sociedade brasileira do século XVIII.
A data é uma das formas de chamar a atenção ao racismo estrutural que existe no Brasil e a desigualdade entre população negra e não negra no país.
Por exemplo, 54% da população brasileira se declara negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas representa 75% da população mais pobre no país. Além disso, basta olharmos para os espaços de poder e de decisão nas instâncias pública e privada para comprovarmos a explícita desigualdade racial.

Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2019, feita pelo IBGE, 54% dos desempregados são negros e a informalidade alcança 47% dessa população. A diferença de salário médio entre trabalhadores negros e não negros chega a 73%, sendo que as mulheres negras recebem menos da metade (44%) do salário de um homem branco.

Ouro dado que chama a atenção é que 53,6% dos profissionais negros declaram ter sofrido algum tipo de discriminação racial no ambiente de trabalho, segundo pesquisa do Instituto Ethos (2018). Entre as mulheres pretas, 86% declararam sofrer algum tipo de racismo no ambiente de trabalho. A PNAD de 2019 também aponta que a população negra é maioria no setor da construção (65,2%), por isso a importância de refletir sobre o preconceito nas relações de trabalho na nossa categoria.

Em agosto, por conta de uma situação de constrangimento racial em uma empresa da região, o Construmob elaborou uma cartilha sobre como se comportar quem sofre racismo no local de trabalho.

A consultora jurídica do Construmob, Jaqueline Silva Alves Corrêa, Jacque Cipriany, advogada, ativista do movimento Hip-Hop e direitos humanos e militante antirracista conversou com os trabalhadores sobre as situações mais comuns de racismo no ambiente de trabalho e social. “Precisamos enfrentar práticas racistas e discriminatórias em todos os ambientes, sobretudo no local de trabalho”, declara Jacque Cipriany.

Sofreu racismo no local de trabalho? Denuncie!
O combate ao racismo deve ser realizado em todas as esferas e espaços da sociedade. Inclusive no local de trabalho.
O Construmob busca dar suporte aos trabalhadores e trabalhadoras que sofram qualquer prática de racismo nos seus locais de trabalho. É preciso lembrar todos os avanços conquis­tados em lei, resultado de muita luta e pressão do movimento negro no país.
As pessoas vítimas de racismo podem entrar em contato com o Sindicato Construmob.
Ao encaminhar a denúncia, é preciso reunir o maior número de dados, como local da ocorrência, data, dizer se há testemunha, entre outros aspectos que sejam fundamentais para o entendimento da prática de racismo.

Veja o que você pode fazer:

1. Quando acontecer um caso em que você se sinta vítima de prática racista ou de injúria racial, onde quer que esteja, procure a autoridade policial mais próxima para registrar a ocorrência;

2. Conte a história com o máximo de detalhes que lembrar e forneça os nomes e contatos das testemunhas;

3. Solicite ao policial civil que deseja que o agressor seja processado.