Na região, preços do arroz e feijão disparam
Desde janeiro, dupla encareceu até 26,04%, enquanto que a inflação do período subiu 0,46%
A dupla arroz e feijão é a base das refeições na mesa dos brasileiros no almoço e no jantar. Desde o início do ano, os dois insumos já encareceram até 57 vezes mais do que a inflação deste ano. O pacote de cinco quilos de arroz é encontrado nas gôndolas dos supermercados da região, em média, por R$ 18,20. E a previsão é a de que a alta continue nos próximos meses.
Desde janeiro, o preço do produto já subiu 26,04%, ou R$ 4,22. Enquanto isso, inflação oficial do País, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acumulou 0,46% até julho. E, em 12 meses, 2,31%.O pacote de um quilo de feijão, por sua vez, custava R$ 6,63 no início do ano e, agora, chegou a R$ 8,50. A alta foi de 20,66%. Os valores integram pesquisa realizada na primeira semana deste mês pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) nos supermercados do Grande ABC. E, apesar da média de preços, é possível encontrar o pacote de arroz sendo vendido a até R$ 25,90 e, o de feijão, a R$ 9 nos supermercados.
Considerando o consumo mensal por uma família de quatro pessoas, estimado pela Craisa – três pacotes (de cinco quilos cada) de arroz e seis de feijão (um quilo) –, o desembolso. considerando o valor médio, soma R$ 105,60, um terço do novo valor do auxílio emergencial, que a partir deste mês é de R$ 300.
A pandemia do novo coronavírus estabeleceu cenário de menor oferta de arroz em âmbito internacional. Países asiáticos, que são grandes produtores, reduziram suas plantações. E o Brasil ampliou suas exportações a fim de suprir essa lacuna, mesmo com uma produção menor, já que nos últimos tempos o cultivo do campo se tornou mais voltado à soja, vedete brasileira no mercado internacional. Isso mesmo com o aumento da demanda pelo cereal também no País devido à quarentena.
“Ao contrário do feijão, o arroz é considerado uma commodity (matéria-prima que tem preço determinado pela oferta e procura internacional). Com a pandemia, a redução do produto e a alta do dólar (cotado a R$ 5,36), o custo no mercado mundial subiu”, afirmou o engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, ao complementar que a alta do arroz é mais preocupante, já que, historicamente, o feijão costuma ter valores maiores no inverno.
O principal problema é que não há previsão de solução no curto prazo, já que só há uma colheita de arroz por ano. A produção da safra é iniciada neste mês, mas a colheita só acontece em março, o que indica que o preço deve continuar a subir pelo menos até o fim deste ano. “O produtor que estava com arroz armazenado já começou a vender porque o preço estava bom”, disse Benedetto. Ou seja, o estoque regulador está sendo desovado.
Conforme o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a alta do cereal chegou a 100% em 12 meses, e a saca de 50 quilos foi a R$ 100 no Rio Grande do Sul, principal produtor do País.
Fonte: Diário do Grande ABC